sexta-feira, 7 de setembro de 2018

D. Leopoldina e a Independência.

Obrigado a viajar para São Paulo a fim de tentar resolver crise política que ameaçava a ordem no Estado, dom Pedro I entregou temporariamente o governo a dona Leopoldina. Dias depois, recebeu a notícia de que Portugal exigia sua volta. Temendo que as tropas portuguesas atacassem o Rio de Janeiro antes do retorno do marido, em 2 de setembro a futura imperatriz presidiu reunião do Conselho de Estado, que deliberou pela independência do Brasil. A carta que se reproduz aqui teria sido lida por dom Pedro no dia 7 de setembro, às margens do Ipiranga, antes do lendário grito “Independência ou morte!”.
"Rio de Janeiro, 2 de setembro de 1822
Pedro,
O Brasil está como um vulcão. Até no paço há revolucionários. Até portugueses revolucionários […].[1] As cortes portuguesas ordenam vossa partida imediatamente; ameaçam-vos e humilham-vos. O Conselho de Estado vos aconselha a ficar. Meu coração de mulher e de esposa prevê desgraças se partirmos agora para Lisboa. Sabemos bem o que tem sofrido nosso país. O rei e a rainha de Portugal não são mais reis, não governam mais, são governados pelo mesmo despotismo das cortes que perseguem e humilham os soberanos a quem devem respeito […].[2]
O Brasil será em vossas mãos um grande país. O Brasil vos quer para seu monarca. Com vosso apoio ou sem vosso apoio, ele fará sua separação. O pomo está maduro, colheio-o já, senão apodrecerá […].[3] Já dissestes aqui o que ireis fazer em São Paulo. Fazei, pois."
Marsilio Cassotti. A biografia íntima de Leopoldina: a imperatriz que conseguiu a independência do Brasil. São Paulo: Planeta, 2015, p. 183.

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