Os pássaros parecem voar com mais alegria. O verde cativante
emoldura um bordado de águas mágicas. O céu reflete um azul misterioso,
dando intenso brilho num cenário único e encantador. Assim vejo a foz do
Rio Nhamundá na Amazônia. Esta ímpar paragem abrigou por várias
gerações uma tribo, ramificada ao longo do rio, formada por LINDAS
MULHERES GUERREIRAS descritas por Frei Gaspar de Carvajal com estas
palavras:
“São muito alvas e altas, com o cabelo muito comprido,
entrançado e enrolado na cabeça. São muitos membrudas e andam nuas em
pelo, tapadas as suas vergonhas, com os seus arcos e flechas nas mãos,
fazendo tanta guerra como dez índios”.
Esta narração teve grande repercussão na Europa e noutros continentes, sobre esta tribo de belas e valentes nativas.
Em 1541, o aventureiro e explorador espanhol, Francisco de Orellana foi
o primeiro navegador a completar o trecho desde os Andes até o Oceano
Atlântico. A cada região que a expedição passava, deparava-se com
encantos e surpresas.
Navegavam pelo Mar Dulce (nome dado ao Rio
Amazonas por Vicente Yáñez Pinzon). O explorador Pinzon, que participou
da primeira expedição de Cristóvão Colombo, descobrindo em 1492 a
América, não navegou por completo o Rio Amazonas.
No momento que
Orellana vislumbrava uma das mais encantadoras paisagens, foi
surpreendido com um fulminante ataque por uma tribo de mulheres às
margens do Rio Nhamundá, que lançavam flechas e dardos de zarabatanas,
aprisionando Orellana.
Houve confronto e mortes, flechas voam
contra os barcos, acertando inclusive nosso cronista que morreria
caolho. Porém a comitiva de Orellana, depois de perder a metade da
tripulação no confronto, conseguiu fugir levando alguns índios
aprisionados.
Estes índios, que serviam às mulheres, foram
longamente interrogados, relatando os costumes, o modo de vida daquela
tribo e as tradições das guerreiras. Informou também que existiam
setenta aldeias das valentes índias ao longo do Rio Nhamundá. RIO DE LAS
AMAZONAS (Rio das Amazonas) foi assim batizado por Orellana, comparando
com as Amazonas da mitologia grega.
Hoje, o Rio Amazonas, o
maior rio do mundo, é referência do planeta Terra, e o mito das Amazonas
continua vivo nas nossas lembranças culturais.
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A LENDA DAS AMAZONAS
As índias Amazonas, guerreiras do Nhamundá, eram altas, esbeltas,
formosas, ágeis e corajosas. Moravam em casas edificadas em pedra, com
portas e portões resistentes, tais como fortalezas. Manuseavam com
extrema habilidade o arco e a flecha, protegendo seu povo com muita
coragem e determinação.
Não tinham maridos e viviam isoladas de
homens. Raptavam machos nas tribos vizinhas para acasalamento, ficando
com estes trabalhando em serviços pesados, até terem certeza de que
estavam prenhas. Os filhos do sexo masculino ficavam em suas companhias
durante o período de amamentação, sendo levados posteriormente para a
aldeia do pai.
Ficavam com as filhas fêmeas, as quais eram
educadas no regime das Amazonas. Desde criança, o seio do lado direito
das meninas era atrofiado com queima e outros processos que elas
desenvolveram, para facilitar o manuseio do arco e flecha. Montavam em
potros bravos, amansavam cavalos do mato com destreza para as lidas
diárias e fiscalização dos seus territórios. Elas mantinham suas aldeias
com muito trabalho e garimpagem de ouro e prata.
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O
significado do termo amazona é incerto, entre as principais hipóteses,
estaria uma provável derivação do gentílico iraniano *ha-mazan-, que
significaria originalmente “guerreiras”. Já outra teoria diz que o termo
significa “sem seio”, em grego, já que, segundo algumas versões do
mito, as amazonas cortavam um dos seios para melhor manejar os arcos.
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A Lua era a Deusa e protetora das Amazonas. O dia de lua cheia era
intensamente festejado, com danças, cânticos e oferendas. As filhas de
Jaci coroavam-se de flores e, num ritual místico, antes da lua atingir o
ponto mais alto, conduziam potes com perfumes e derramavam no lago como
gesto de purificação.
Consideravam o lago como sagrado e espelho
da lua. Quando a lua atingia o ponto mais alto no espaço, elas
festejavam e mergulhavam no fundo do lago, trazendo um barro esverdeado.
Moldavam essa argila, dando formas variadas, entre elas: rãs, peixes e
tartarugas.
A escultura tornava-se um amuleto, com interessantes
formas, muito resistente, denominado MUIRAQUITÃ. Penduravam no pescoço,
certas da energia contra moléstias, desgraças e influências negativas.
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Hoje, o Rio Nhamundá continua com o mesmo encanto, com a rara beleza do
lugar, que um dia teve o privilégio de abrigar as formosas e
encantadoras índias chamadas de Amazonas.
Autor: Carlos Antônio
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O LADO B DA LENDA DAS AMAZONAS
O relato chegou à Espanha e impressionou a todos. Anos depois, seguindo
a expedição do português Pedro Teixeira, o padre Cristóbal de Acuña
(1638-1639) faz o mesmo trajeto e ainda procurou pelas míticas amazonas.
Walter Rayleigh (1617), corsário inglês, viajou ao Orinoco á procura de
seu reino e até o cientista francês La Condamineau (1743-1744) se
perguntava onde estão as mulheres guerreiras, assim como seu colega
cientista Alexander Von Humboldt (1799-1804).
É possível que elas
tenham existido? Se sim, o que aconteceu com elas? Muitos se dedicaram a
responder essa questão. Alguns encontram, na tradição tupi, as amazonas
na forma das ICAMIABAS ("mulheres sem marido"), mulheres que não
concordaram com as leis propostas pelo herói-reformador Jurupari para
sujeitar á mulher ao homem.
Em muitas etnias amazônicas, a mulher
tem um papel importante, substituindo o homem em certas funções como a
caça e a pesca. No entanto, notícias sobre uma tribo feita somente por
mulheres guerreiras ficaram restritas ao período colonial.
Teria
Carvajal inventado tudo isso? Essa é outra hipótese. No relato do frade
ele fala de gigantes, assim como nos escritos posteriores também
surgiram figuras de monstros acéfalos, dragões, sereias etc.
O
historiador Auxiliomar Ugarte trabalha com a hipótese de que a
consciência do fabuloso e a perspectiva de explorar algo totalmente novo
tenha confundido e muito seus primeiros exploradores. Afinal, estamos
falando de homens que ainda conviviam com um imaginário medieval, um
imaginário fantástico.Carvajal interpreta esse novo mundo segundo o
referencial de sua cultura. O historiador Antônio Porro acredita que
Carvajal tenha confundido um povo, os Conduris, com as mulheres
guerreiras, por causa de suas feições físicas e da região que então
habitavam.
As amazonas são uma das mais importantes construções
do imaginário sobre a região. Um imaginário que enxerga essa região
enigmática e desafiadora, ora o paraíso, ora o inferno. Um imaginário
que se modifica com os séculos, mas que mantém um certo traço essencial:
a de uma natureza exuberante convivendo com um povo “selvagem” ou
“inferior”.
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FONTE : "As Amazonas" por Marcus Pessoa. Matéria original em "No Amazonas é Assim"
https://noamazonaseassim.com.br/as-amazonas/
ARTE: pinturas de Victor Crisostomo Gomez
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