Um “giz de
cera”, miçangas feitas de concha, ossos esculpidos e outros tantos
objetos que datam de mais de 48 mil anos. Esses foram os tesouros
achados por arqueólogos da Universidade Nacional da Austrália no sítio
de Panga ya Saidi, caverna localizada em Mombasa, no Quênia.
Os mais de 30 mil artefatos pré-históricos encontrados permitiram que os pesquisadores conhecessem melhor
o período da Idade da Pedra Tardia, época que teve início há 67 mil
anos e está associada ao surgimento do comportamento e à cultura do
homem moderno na África.
“Começamos a ver ossos
decorados, miçangas feitas de conchas marinhas ou de cascas de ovos de
avestruz, ferramentas de pedra em miniatura e ossos esculpidos em
objetos, tais como pontas de flechas”, afirma o arqueólogo Ceri Shipton,
autor do estudo, ao EurekAlerta. “Esses objetos datam ao período mais
antigo em que esse comportamento moderno é observado”, completa.
De
acordo com os pesquisadores, a caverna de Panga ya Saidi remonta a 78
mil anos e é o único sítio arqueológico em todo o litoral da África
Oriental que contém registros de habitação humana moderna. Todos os
outros estão localizados na África do Sul e no Vale do Rift, ao leste do
continente.
“Esse é o sítio arqueológico mais bonito em que eu já trabalhei. Logo que o vi, sabia que era especial”, explica o pesquisador Shipton. “Ele contém incríveis níveis de preservação com muitos artefatos em ótimas condições.”
Outra
particularidade da caverna de Panga ya Saidi é que ela está localizada
dentro de uma floresta tropical. Naquela época, os Homo sapiens
costumavam viver em áreas mais abertas e caçavam animais maiores.
Em
contrapartida, ao morar em áreas de vegetação fechada, os indivíduos
deveriam optar por se alimentar de bichos menores, como pequenos macacos
e veados – animais que, segundo Shipton, exigem ferramentas mais
sofisticadas para serem caçados.
“O que é surpreendente nesses
artefatos encontrados são as inovações tecnológicas e materiais, e a
habilidade de utilizá-los em ambientes de florestas e savanas. Foi esse
tipo de flexibilidade comportamental que permitiu que nossa espécie
povoasse o resto do mundo, além da África”, afirma o arqueólogo.
Durante
a expedição, também foram realizados estudos de datação arqueomagnética
dos sedimentos da caverna, cujos resultados indicam que as ferramentas
de pedra mais eficientes foram criadas durante um período glacial
particularmente frio e seco.
Fonte: O estudo foi publicado no periódico científico Nature.
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