Em 19 de julho de 64 d.C., Roma é assolada por um incêndio. Em meio à
noite, um fogo imenso prorrompe perto do "Circo Máximo" e devasta toda a
cidade de Roma. O incêndio é de tal amplitude que levou seis dias para
controlá-lo.
O imperador Nero
passeava no campo e retorna precipitadamente à capital de seu império.
Nas alturas de Roma observa a cidade em chamas recitando versos e
dedilhando a lira. Após esse terrível incêndio, faria construir um novo
palácio real de dimensões bastante superiores ao precedente. A plebe o
acusa de ele próprio ter provocado o incêndio para poder reconstruir
Roma segundo seu gosto e visão artística.
O imperador déspota
rejeitou enfaticamente a responsabilidade pelo desastre jogando a culpa
sobre a minoria cristã. A partir do mês de outubro, empreenderia
perseguições religiosas sem precedentes, criando um clima de terror
entre aquela comunidade. Em contrapartida, os complôs começam a se
fomentar contra o déspota cruel. A conjuração de Pison em 65 d.C. é
descoberta e atrozmente reprimida.
-----
Finalmente, o
exército se subleva na Gália com Vindex e na Espanha com Galba. Nero é
julgado inimigo público pelo Senado e foge antes de ter sido morto em
Roma em 9 de junho de 68. Segundo Suetônio e Dião Cássio, o povo de Roma
celebrou a morte de Nero.
Tácito, porém, fala nos seus escritos
de um panorama político muito mais complicado, segundo o qual a morte de
Nero foi bem recebida entre os senadores, a nobreza e a classe alta,
mas que, ao contrário, a classe baixa, os escravos e os assíduos do
teatro, que foram os beneficiários dos excessos do imperador, receberam a
notícia com pesar. O exército, entretanto, estava na encruzilhada entre
o dever obediência a Nero como seu imperador e os subornos oferecidos
para derrubá-lo.
Filóstrato e Apolônio de Tiana mencionam a morte
de Nero como um duro golpe para o povo em geral, que a chorou com
amargura devido a que "restabeleceu e respeitou as liberdades com uma
sabedoria e moderação das quais o seu caráter carecia".
Os
historiadores modernos defendem a teoria de que, enquanto o Senado e a
classe alta receberam com regozijo a notícia, o povo "foi fiel até o
final".
.....
FONTE: Revista de História da Biblioteca Nacional
ARTE: "O Grande Incêndio de Roma" - por Robert Hubert (1733-1808), pintor e desenhista francês
Nenhum comentário:
Postar um comentário