De acordo com a contagem populacional oficial, a atual Rússia é um
Estado-Nação que possui 140 milhões de habitantes de 193 grupos étnicos
diferentes. Na Rússia, cada etnia se considera uma nacionalidade que
busca preservar sua cultura, idioma e modo de vida, compartilhando com
as demais a cidadania e os direitos políticos inerentes ao pertencimento
do Estado-Nação Russo.
Para entender o caldeirão multiétnico da Rússia é necessário se debruçar, ainda que superficialmente, no histórico de ocupação deste território.
O território europeu da atual Rússia, no nordeste da Europa e a oeste
dos montes Urais (fronteira entre Europa e Ásia) foi ocupado desde a
época do império Romano por um povo de origem indo-europeia que ficou
conhecido como eslavos. O historiador romano Cornelius Tácito descreveu
os vênedos, uma tribo eslava, como altos, vigorosos e de pele clara. Os
eslavos ocuparam territórios do leste europeu que se estendem pelo que
são hoje Servia, Croácia, Eslovênia, Eslováquia, Bulgária, Romênia,
Moldávia, Polônia, Bielorrússia, Ucrânia, Rússia, entre outros.
A
cristianização dos povos eslavos da Rússia se iniciou somente por volta
de 1000 D.C a partir da conversão do Príncipe de Quiev Vladmir I. Por
isso o idioma eslavo da Rússia foi pouco influenciado pelo latino
(diferente dos Romenos, por exemplo).
No entanto, diversos povos
não-cristãos influenciaram e se misturaram com os eslavos orientais da
Rússia e Ucrânia. No século IX povos nórdicos vindos da Suécia ocuparam o
território europeu da Rússia. O nome Rússia provavelmente vem de Rus,
termo usado pelos nórdicos escandinavos para designar os colonos daquele
território. Posteriormente, no século XIII, o neto de Genghis Khan
liderou a conquista Mongol sobre o território russo, consolidando a
expansão de sua etnia. Durante a baixa Idade Média, além dos Mongois, os
Tártaros eram a outra etnia asiática mais poderosa e disseminada pelos
territórios da Rússia. A capital dos Tártaros era Kazan, hoje uma cidade
importante e sede da Copa de 2018.
A partir do século XV, os
governantes do Principado de Moscou, autointitulados Czares (senhores de
toda a Rússia), lideraram um lento processo de reconquista dos
territórios russos e expulsão dos governantes de origem asiática. Ivan
IV, o terrível, e Pedro I, o grande, foram os dois monarcas mais
relevantes neste processo que culminou na criação do grande Império
Russo em 1721. Nos séculos seguintes, o Império Russo conquistou
diversos territórios no Cáucaso e na Ásia central. Alguns destes
territórios conseguiram emancipação após o fim da União Soviética em
1991.
Como resultado deste histórico de disputas étnicas e
territoriais, a Rússia moderna possui diversas etnias. Entre as etnias
de origem europeia se destacam os eslavos russos (78% da população),
ucranianos e bielorrussos, armênios, moldavos, ossetios, tchetchenos e
georgianos. Há um número ainda maior de etnias asiáticas, algumas
descendentes do povo turcomano como os Tártaros (mais numerosos entre os
asiáticos) Cazaques, Quirquizes, Uzbeques, Tajiques, Tuvanos e
Bachquírios, outros descentes de tribos mongóis e siberianas como os
Ket, Calmucos, Buriates e ainda há os Coreanos, que inicialmente
ocupavam o extremo leste da Rússia mas foram deportados para territórios
da Ásia central por Joseph Stálin, com o objetivo de evitar o contato
com os japoneses na época da URSS.
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