Vejam um poema seu "Para" do livro "A Dama de Espadas"
Recordo o luminoso instante
quando eu, tomado de surpresa,
te vi: súbita imagem, diante
de mim, da essência da beleza.
Desesperado e triste, a sós
no caos do mundo, ouvi durante
anos, em mim, a tua voz,
vi, no meu sonho, teu semblante.
Passou o tempo; um vento atroz
varreu meu sonho ao seu talante,
e não ouvi mais tua voz,
deixei de ver o teu semblante.
Minha existência se esvaía
no exilio inóspito e incolor,
sem vida, lágrimas, poesia,
sem divindade nem amor.
Reapareceste e nesse instante
minha alma despertou surpresa;
revi, súbita imagem distante
de mim, a essência da beleza.
Meu peito, cheio de alegria,
bate de novo; há no interior
dele outra vez vida, poesia,
lágrimas, divindade, amor.
(1825)
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