segunda-feira, 12 de março de 2018

Um pouco da história e importância musical de Miles Davis, a lenda do Jazz.

Há músicos de jazz. E há Miles Davis, no qual a história do jazz transcorre, seja no aprofundamento de estilos já consagrados, ou na redefinição de sua própria história em novos gêneros: jazz orquestra ou big band; bepop; hard bop; cool jazz; fusion ou electric jazz; word jazz e hip-hop jazz. Personalidade explosiva, não foi raro suas polêmicas e agressivas críticas sobre importantes expoentes do jazz, por exemplo, o lendário pianista Thelonius Monk, e o saxofonista Eric Dolphy, ou seja, duas personalidades icônicas de dois grandes estilos: bebop e free jazz. Muitas vezes tocando de costas para seu público, por sua maioria ser composta de brancos, recusou tocar junto com Eric Clapton e Jack Bruce, então grandes nomes do rock. Em suas palavras: “Eu não quero ser um homem branco. Rock é uma palavra de brancos.” Certa vez quase foi morto por gângsteres ao estacionar seu carro no Brooklyn em Nova York. Dez mil dólares foram oferecidos em recompensa, feita por Miles, para encontrar os envolvidos. Mesmo ninguém buscando o valor em dinheiro, semanas depois, os envolvidos apareceram misteriosamente mortos. Mas falemos de arte. A dimensão intimista do trompete de Miles, segundo críticos, associa-se a simplicidade transformada em refinação e sofisticação de seu jeito de tocar. Em sua busca da execução simples, ele tocava com serenidade, característica de como usava a surdina, como se respirasse dentro do microfone. Suavidade, pouco vibrato, o soar pontual de cada nota. Muitos apontam características como desamparo existencial, solidão e melancolia, presentes em suas belíssimas execuções musicais que podem ser exemplificadas em músicas como Prayer (oh Doctor Jesus) do álbum Porgy and Bess; The Pan Piper do álbum Sketches of Spain; e de músicas como All of you, Blue in Green e tantas outras.
Que o leitor faça um exercício de imaginação estética e ouça Round Midnight e termine seu itinerário intimista, sua vivência da interioridade, em telas de outro grande expoente da solidão, o pintor, também americano, Edward Hopper, em especial, a tela “Os notívagos”. Para os leitores não familiarizados com a obra de Miles Davis e que queiram conhecer sua música mediante a aproximação de outros gêneros musicais como o rock, funk e hip-hop, recomendo os álbuns In a Silent Way, Bitches Brew, Tutu e Doo-bop, e no caso da música brasileira em especial a Bossa Nova, o álbum Quiet Nigths.

Texto de Hilton Valeriano
Fonte: O livro do jazz. Berendt e Huesmann. Editora Perspectiva.

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