terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

A extraordinária Nina Simone, artista que emprestou sua voz e poesia à luta pelos Direitos Civis dos Negros.

Eunice Kathleen Waymon ou apenas Nina Simone. O nome artístico foi adotado para que a cantora pudesse exercer a profissão escondida dos pais, que eram contra sua carreira na área musical. Nascida no Estado da Carolina do Norte, lugar extremamente racista, Nina sofreu com o preconceito desde criança, tendo estudado em escola apenas para negros e convivendo em uma sociedade segregada pelas leis e costumes. Seus pais, membros da igreja metodista, se recusavam a contestar e combater o sistema racista americano. Desde pequena Nina se aproximou da música, fazendo parte do coral da igreja em que frequentava com sua família. Aos poucos Nina Simone foi aprendendo música de forma autodidata e começou a alçar o mundo da fama com um estilo musical que mesclava Jazz, Música Clássica, Gospel e R&B, a partir de muito esforço e talento passou a ser convidada para as principais casas de show dos Estados Unidos, geralmente se apresentava apenas para brancos, quando, após uma manifestação contra o racismo, conheceu membros da luta pelos direitos civis dos negros e a figura de Medgar Evers, famoso líder, que mudou a vida da cantora para sempre. Nina passou a realizar shows em manifestações e compor músicas com letras engajadas, denunciando e expressando toda a indignação negra através de canções. Quando Evers foi assassinado, a cantora lançou a música ‘Mississippi Goddam’ (Mississippi puta que o pariu na tradução livre), em referência ao Estado que mais matou negros na história americana e que ceifou a vida de Medgar.
Durante a segunda metade da década de 1960, período decisivo para a história do movimento negro, quando os Estados Unidos perderam Martin Luther King e Malcolm X , Nina se destacou por sua fidelidade aos ideais afro-americanos e criou hinos cantados durante as manifestações como: ‘To Young Gifted and Black', o que lhe rendeu problemas de contrato com gravadoras e ascendeu a raiva de parte da população branca do sul do país. Decidida a participar mais efetivamente da causa, a artista continuou cantando sobre as barbaridades cometidas por brancos em relação aos negros, mesmo sabendo que não seria chamada para shows nos palcos mais famosos da época.
Aproveitando-se de seu sucesso na industria cultural americana, a cantora levou para muitos aparelhos de som do mundo o drama dos negros americanos.
Nina acreditava que a arte devia refletir as lutas de sua época e suas canções embalaram o movimento negro e se tornaram verdadeiros documentos históricos que contam em detalhes e em linguagem poética toda a saga dos afro-americano em busca das conquistas de seus direitos ao longo de três décadas.

“É uma obrigação artística refletir o meu tempo.”
Texto - Joel Paviotti

4 comentários:

  1. Mais um exemplo de mulher guerreira que nenhum tipo de ameaça calou a sua voz.

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  2. Um exemplo de mulher guerreira que não se cala com ameaças.

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  3. Um exemplo de mulher guerreira que não se cala com ameaças.

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  4. Um exemplo de mulher que apesar de tudo ñ se abateu com essas ameaças!

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