O "pai da nação indiana" é assassinado em 30 de Janeiro de 1948 em
Nova Deli com três tiros desferidos pelo extremista hindu Nathuram
Godse, durante uma oração pública. Godse reprovava em Gandhi o facto de
ser muito tolerante com os indianos muçulmanos. Durante 78 anos,
Mohandas Karamchand Gandhi, conhecido como Mahatma Gandhi, tinha
professado a não-violência radical, a “ahimsa” e a resistência passiva
contra o ocupante britânico. Gandhi tinha escolhido fazer-se ouvir pelo
jejum político até obter a satisfação das suas reivindicações. Dois
milhões de indianos assistiram ao seu funeral.
Gandhi, o líder
político e espiritual do movimento de independência indiano, nascido em
1869, era filho de um funcionário indiano. A mãe de Gandhi,
profundamente religiosa, desde cedo introduziu-o no jainismo, uma
religião indiana moralmente rigorosa que defendia a não-violência.
Gandhi era um estudante comum, mas em 1888 foi-lhe dada a oportunidade
de estudar direito em Inglaterra. Em 1891, retornou à Índia, tendo
aceite em 1893 um contrato para trabalhar na África do Sul.
Lá
submeteu-se às leis racistas sul africanas que restringiam os direitos
dos trabalhadores indianos. Gandhi lembrou-se mais tarde de um
incidente, quando foi obrigado a sair de um compartimento de
primeira-classe e deixar o comboio. Quando o seu contrato expirou,
decidiu permanecer no país, lançando uma campanha pelo direito de voto
dos indianos. Fundou o Congresso Indiano de Natal, chamando a atenção
internacional para o pleito. Em 1906, o governo do Transvaal buscou
restringir direitos adicionais dos indianos o que levou Gandhi a
organizar a primeira campanha da satiagraha, ou seja, desobediência
civil em massa. Após sete anos de protestos negociou um acordo com o
governo sul africano.
Em 1914, Gandhi regressou à Índia e vive uma
vida de abstinência e espiritualidade, apartado da política. Defendeu o
Reino Unido na Primeira Guerra Mundial, mas em 1919 lançou uma nova
satiagraha em protesto contra a conscrição militar obrigatória de
indianos. Milhares atenderam ao seu chamamento e em 1920 já era o líder
do movimento de independência. Organizou o Congresso Nacional Indiano
como uma força política, promovendo um boicote maciço aos produtos,
serviços e instituições britânicos.
Em 1922, suspendeu a satiagraha
quando irrompeu a violência. Um mês depois foi preso pelas autoridades
britânicas por sedição, sendo libertado em 1924. Em 1928, retornou à
política nacional quando exigiu um estatuto de soberania para a Índia e
em 1930 lançou um protesto em massa contra a taxa do sal que atingia
principalmente os pobres. Na sua mais famosa campanha de desobediência
civil, Gandhi e os seus seguidores marcharam até ao Mar Arábico, onde
produziram o próprio sal ao fazer evaporar a água do mar.
Em 1931,
Gandhi foi libertado a fim de comparecer numa Mesa Redonda sobre a Índia
em Londres como o único representante do Congresso Nacional Indiano. O
encontro foi um fracasso e no retorno à Índia foi novamente preso. Mesmo
na cadeia, liderou um protesto contra o tratamento dispensado aos
“intocáveis”, os empobrecidos e degradados indianos que ocupavam o nível
mais baixo do sistema de castas. Em 1934, deixou o partido para
trabalhar pelo desenvolvimento económico dos mais pobres. Em seu lugar
foi indicado Jawaharlal Nehru, que viria a ser um grande líder do país.
Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, Gandhi defendeu a colaboração
com o esforço de guerra britânico em troca da independência. Londres
recusou, buscando dividir a Índia ao apoiar os conservadores e grupos
muçulmanos indianos. Em resposta, Gandhi lançou o movimento "Quit India"
(Retirem-se da India) em 1942, que clamava pela retirada total dos
britânicos. Gandhi e outros líderes nacionalistas ficaram presos até
1944.
Com a chegada de novo governo em Londres em 1945, as
negociações recomeçaram. Gandhi queria uma Índia unificada, mas a Liga
Muçulmana, cuja influência havia crescido durante a Guerra, discordou.
Após extensas negociações, Londres concordou em criar em 15 de Agosto de
1947, dois novos Estados independentes: a India e o Paquistão. Pouco
demorou para que a violência explodisse entre os hindus e os muçulmanos.
Foi no decurso desses conflitos que ocorreu o assassinato de Gandhi.
Conhecido como Mahatma, ou "A Grande Alma", os seus métodos persuasivos
de desobediência civil influenciaram líderes de movimentos pelos
direitos civis em todo o mundo, em particular Martin Luther King nos
Estados Unidos.
Fontes: Opera Mundi
Nenhum comentário:
Postar um comentário