sábado, 4 de novembro de 2017

MARIGHELLA, exemplo de luta para o povo brasileiro



Político, guerrilheiro e poeta, Carlos Marighella vivenciou a repressão de dois regimes autoritários: o Estado Novo (1937-1945), de Getúlio Vargas, e a ditadura militar iniciada em 1964. Foi um dos principais organizadores da resistência contra o regime militar e chegou a ser considerado o inimigo número um da ditadura. Teve ao todo quatro passagens pela prisão, onde sofreu espancamentos e torturas, sendo a primeira delas aos vinte anos de idade. Militou durante 33 anos no Partido Comunista e depois fundou o movimento armado Ação Libertadora Nacional (ALN).
Começou sua trajetória política bem jovem. Sua primeira prisão ocorreu em 1932, após escrever um poema contendo críticas ao interventor Juracy Magalhães. Em 1936, abandonou o curso de Engenharia Civil e se filiou ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), na época dirigido por figuras históricas como Astrojildo Pereira e Luís Carlos Prestes. Tornou-se, então, militante profissional do partido e se mudou para o Rio de Janeiro.
Durante a ditadura na Era Vargas, foi preso por subversão e torturado pela polícia de Filinto Müller duas vezes. Ficou na prisão até 1945, quando foi beneficiado com a anistia pelo processo de redemocratização do país.
Elegeu-se deputado federal constituinte pelo PCB baiano em 1946, como um dos mais bem votados da época. Mas, nesse mesmo ano, Marighella voltou a perder o mandato porque o governo Dutra, por orientação do governo estadunidense, cassou todos os políticos filiados a partidos comunistas.
Impedido de atuar pelas vias legais, retornou à clandestinidade e ocupou diversos cargos na direção partidária. Convidado pelo Comitê Central, passou os anos de 1953 e 1954 na China, para conhecer de perto a Revolução Chinesa.
Em maio de 1964, após o golpe militar, foi baleado e preso por agentes do Dops dentro de um cinema, no Rio. Libertado em 1965 por decisão judicial, no ano seguinte decidiu se engajar na luta armada contra a ditadura e escreveu o livro “A crise brasileira”.
Foi expulso do PCB, em 1967, por divergências políticas, e no ano seguinte fundou o grupo armado Ação Libertadora Nacional, com dissidentes do partido. A organização participou de diversos assaltos a banco e do sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, em setembro de 1969, numa ação conjunta com o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). Depois, o embaixador foi trocado por 15 presos políticos.
Com o recrudescimento do regime militar, os órgãos de repressão concentraram esforços em sua captura. Na noite de 4 de novembro de 1969, Marighella foi surpreendido por uma emboscada de proporções cinematográficas na alameda Casa Branca, na capital paulista. Foi morto a tiros por agentes do Dops, em uma ação gigantesca coordenada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury. A morte de Marighella marcou a história da resistência armada urbana à ditadura militar no Brasil. A ALN continuou em atividade até o ano de 1974.
Alguns escritos políticos de Marighella, embora redigidos em português, ganharam primeiro uma edição em outra língua, devido à censura imposta a obras do gênero pelo regime militar brasileiro. É o caso de “Pela libertação do Brasil”, que em 1970 ganhou uma versão na França, financiada por grupos marxistas. Estão disponíveis em português: “Alguns aspectos da renda da terra no Brasil” (1958), “Algumas questões sobre as guerrilhas no Brasil” (1967) e “Chamamento ao povo brasileiro” (1968). Uma das mais divulgadas obras de Marighella, “O minimanual do guerrilheiro urbano”, foi escrita em 1969, para servir de orientação aos movimentos revolucionários. Circulou em versões mimeografadas e fotocopiadas, algumas diferentes entre si, sem que se possa apontar qual é a original. Nessa obra, ele detalhou táticas de guerrilha urbana a serem empregadas nas lutas contra governos ditatoriais.
Poema
Ainda na prisão, desta feita em 1939, ele compôs o poema “Liberdade”
“(…)E que eu por ti, se torturado for,
possa feliz, indiferente à dor,
morrer sorrindo a murmurar teu nome.”
Sua obra poética está reunida no livro Rondó da Liberdade.

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