Em 22 de agosto de 1976, Juscelino Kubitschek viajava de São Paulo para o Rio de Janeiro no banco de trás de seu Opala, quando sofreu um acidente fatal. O carro, que o ex-presidente chamava de Platão, era conduzido por Geraldo Ribeiro, motorista particular de JK por 30 anos, que também não resistiu aos ferimentos decorrentes da tragédia e morreu. Segundo a perícia, o automóvel seguia pela rodovia Presidente Dutra, na altura do quilômetro 165, próximo a cidade de Resende, quando foi atingido por um ônibus. Desgovernado, o veículo cruzou o canteiro de segurança em alta velocidade e se chocou contra uma carreta na contramão, antes de ser arrastado por 30 metros. O local do acidente ficou conhecido como “Curva do JK”.
JK tinha 73 anos e tivera os direitos políticos cassados pela ditadura, em junho de 1964, apesar de ter intenção de concorrer à futura eleição presidencial, em caso de restituição do regime democrático.
Mais de trezentas mil pessoas assistiram ao seu funeral em Brasília, onde a multidão cantou a música que o identificava: Peixe Vivo. Em depoimento ao Memória Globo, o repórter Álvaro Pereira conta que estava na capital do país naquele dia e se lembra de que o enterro mobilizou a cidade inteira:
“aquilo deve ter assustado o regime militar, e eles não puderam fazer nada. É curioso, porque um regime tão poderoso, apoiado por tropas armadas do Exército, Marinha e Aeronáutica, ficou, de repente, sem ação diante da morte de JK porque veio aquele momento meio espontâneo, a massa na rua, querendo prestar uma última homenagem a Juscelino, queria sair da Catedral com o caixão nas costas. Foi um evento magnífico e comandado pela população, pela massa. O regime militar acompanhou meio assustado, meio amedrontado, apenas tentando manter a ordem daquelas manifestações. Mas não teve o poder de cercear qualquer tipo de manifestação popular de solidariedade ou de homenagem ao grande líder político. Foram momentos marcantes em Brasília e que ajudaram, gradualmente, a construir a democracia no país”.Seus restos mortais repousam no Memorial JK, construído em 1981, na capital federal do Brasil, Brasília, por ele fundada.
O corpo do motorista Geraldo Ribeiro foi exumado, em Minas Gerais, no dia 14 de agosto de 1996. A ação decorreu da reabertura do inquérito sobre a morte de Juscelino Kubitschek, solicitada pelo advogado Paulo Castelo Branco, do Museu JK, levantando-se novamente a polêmica sobre o caso. A hipótese do advogado era que Juscelino poderia ter sido vítima de um atentado político. Após a exumação, o corpo foi avaliado por um perito, que afirmou ter encontrado uma fenda na parte frontal do crânio e um objeto metálico não identificado. Nada foi provado: a hipótese de assassinato foi rechaçada pela Justiça, e o caso, arquivado.
Em 2001, a Câmara dos Deputados instituiu uma Comissão Externa – requerida pelo marido da neta de JK, ex-deputado Paulo Octávio – para averiguar as suspeitas de assassinato do ex-presidente. A apuração final da Comissão foi taxativa:
Por mais que se exercite a imaginação e a criatividade, não se consegue encontrar um argumento sólido, balizado, lógico e técnico que possa apoiar a tese de assassinato… Os menores detalhes não passaram despercebidos. Investigamos todas as dúvidas, todas as suspeitas. À medida que as questões foram sendo esclarecidas e respondidas, a conclusão foi-se impondo inexoravelmente. Ao final destes trabalhos, não restam mais dúvidas de que a morte de Juscelino Kubitscheck foi causada por um acidente automobilístico, sem qualquer resquício da consumação de um assassinato encomendado.Em 2012, a Comissão Nacional da Verdade que analisa os crimes políticos ocorridos entre 1946 e 1988, decidiu analisar o inquérito sobre a morte de Juscelino. Finalmente, em 9 de dezembro de 2013, a Comissão Municipal da Verdade Vladimir Herzog, da cidade de São Paulo, anunciou que o ex-presidente na realidade foi assassinado. Porém, em 22 de abril de 2014, a Comissão Nacional da Verdade, concluiu que tanto o ex-presidente, quanto seu motorista foram vítimas de um acidente de carro e não de um homicídio. A conclusão foi que, após ter o carro atingido por um ônibus, Geraldo Ribeiro tentou recuperar o controle do carro ao realizar uma manobra, reação que, segundo os especialistas, seria impossível, caso ele tivesse sido baleado na cabeça.
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