quarta-feira, 28 de junho de 2017

Tratado de Versalhes

Tratado de Versalhes
O Tratado de Versalhes, elaborado e assinado em 1919, foi uma tentativa de acordo de paz promovida após o fim da Primeira Guerra Mundial.
O que foi o Tratado de Versalhes?
O Tratado de Versalhes foi um armistício (acordo de paz) assinado em julho de 1919, após o término da Primeira Guerra Mundial, entre os dois grupos de nações aliadas que se enfrentaram durante a guerra, isto é, Alemanha e Áustria-Hungria, de um lado, e Inglaterra, França e Estados Unidos, de outro lado. O tratado foi assinado no Palácio de Versalhes, na cidade francesa homônima; por isso, recebeu esse nome.
Antecedentes: 14 pontos de W. Wilson
No período da Belle Époque, que precedeu a Primeira Guerra, prevaleceu uma atmosfera de “paz” entre as principais nações europeias. No entanto, essa paz foi, muito acertadamente, chamada de “paz armada”, já que havia certa tensão provocada pela modernização da indústria bélica, sobretudo do Império Alemão. O potencial destrutivo da Primeira Guerra, revelado no terror de batalhas como as de Ypres e de Somme, exigiu, após 1918, um processo de revisão da capacidade de agressão por parte das próprias nações envolvidas.
A primeira proposta de uma “paz” diferente da “paz armada” ocorreu por meio dos “14 pontos” elaborados pelo então presidente dos Estados Unidos da América, Woodrow Wilson. O primeiro desses pontos, por exemplo, insistia no estabelecimento de acordos de paz públicos, com claras cláusulas diplomáticas; o terceiro insistia na abolição das fronteiras econômicas para que a interdependência comercial evitasse as hostilidades. Apesar de apreciada, a proposta de Wilson não foi inteiramente aceita. As outras potências vencedoras da guerra, França e Inglaterra, nas pessoas dos líderes Georges Clemenceau e Lloyd George, discordaram em muitos pontos.
Principais resoluções de Versalhes
Tanto Clemenceau quanto George exigiam a punição formal da Alemanha pelas causas da guerra e suas consequências devastadoras – apesar de Clemenceau, em virtude da rivalidade acirrada entre França e Alemanha, ter sido mais radical que o líder inglês. Wilson procurava ponderar os ânimos dos europeus, como pode ser visto na citação abaixo, extraída do livro O Tratado de Versalhes, do historiador Jean-Jacques Becker.
Os negociadores se indagavam sobre as responsabilidades pessoais de Guilhermes II e sobre a sanção que lhe seria infligida. Assim, em 1º de abril de 1919, Lloyd George declarava: “Gostaria de ver o homem responsável pelo maior crime da História ser castigado”, e Wilson retrucou: “Ele suscita o desprezo universal: não é o pior castigo para um homem como ele”?; em compensação, sobre as responsabilidades da Alemanha, não havia divergência. E tampouco quanto ao julgamento ser aplicado. [1]
Antes mesmo das negociações de Versalhes, os representantes alemães, de sua parte, mostravam-se inflexíveis quanto às propostas de cessar-fogo. O conde von Brockdorff-Rantzau, responsável pelas relações exteriores, provocava a ira de todos, inclusive de Wilson. Conta Jean-Jacques Becker que:
Em um discurso pronunciado em Nova York no dia 17 de setembro de 1918, Wilson dizia, sobre as Potências Centrais: “Elas nos convenceram que não possuíam honra... Elas não cumprem seus acordos, não reconhecem nenhum princípio, senão a força e seu interesse próprio”. A atitude dos alemães suscitava violenta repugnância. Para dar um exemplo, quando, em 7 de maio de 1919, o ministro alemão das Relações Exteriores, o conde von Brockdorff-Rantzau, recusou-se a levantar para responder ao discurso de Clemenceau, sua insolência provocou a indignação de todos os representantes aliados. Diante da impertinência de Brockdorff, o presidente norte-americano ficou “roxo de raiva”. [2]
Isso contribuiu para que as cláusulas contra a Alemanha se tornassem implacáveis. Um dos territórios mais importantes do ponto de vista estratégico, a Alsácia-Lorena, foi tomado pela França (vale dizer que esse território já pertencia aos franceses antes da Guerra Franco-Prussiana de 1870). A Alemanha foi proibida de rearmar suas fronteiras e obrigada a limitar o seu exército a um número suficiente apenas para proteção interna.
Além disso, os artigos 231 e 232 do tratado deixaram claro como as potências vencedoras queriam que a Alemanha fosse vista: como a responsável por tudo. No texto do artigo 231, podemos ler: Os governos aliados e associados declaram, e a Alemanha reconhece, que Alemanha e seus aliados são responsáveis, por tê-los causado, de todos os danos e perdas sofridos pelos governos aliados e seus aliados e seus súditos, por consequência da guerra que lhes foi imposta pela agressão da Alemanha e seus aliados. O artigo 232 sentencia a Alemanha e seus aliados à reparação dos danos provocados, o que implicou pesadas sanções econômicas que marcariam a trajetória da República de Weimar – governo que vigorou na Alemanha a partir de 1919.
NOTAS
[1] BECKER, Jean-Jacques. O Tratado de Versalhes. Trad. Constancia Egrejas. São Paulo: EdUNESP, 2011. p. 57.

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