Tratado de Versalhes
O Tratado de Versalhes, elaborado e assinado
em 1919, foi uma tentativa de acordo de paz promovida após o fim da
Primeira Guerra Mundial.
O que foi o Tratado de Versalhes?
O Tratado de Versalhes foi um armistício (acordo de paz) assinado em
julho de 1919, após o término da Primeira Guerra Mundial, entre os dois
grupos de nações aliadas que se enfrentaram durante a guerra, isto é,
Alemanha e Áustria-Hungria, de um lado, e Inglaterra, França e Estados
Unidos, de outro lado. O tratado foi assinado no Palácio de Versalhes,
na cidade francesa homônima; por isso, recebeu esse nome.
Antecedentes: 14 pontos de W. Wilson
No período da Belle Époque, que precedeu a Primeira Guerra, prevaleceu
uma atmosfera de “paz” entre as principais nações europeias. No entanto,
essa paz foi, muito acertadamente, chamada de “paz armada”, já que
havia certa tensão provocada pela modernização da indústria bélica,
sobretudo do Império Alemão. O potencial destrutivo da Primeira Guerra,
revelado no terror de batalhas como as de Ypres e de Somme, exigiu, após
1918, um processo de revisão da capacidade de agressão por parte das
próprias nações envolvidas.
A primeira proposta de uma “paz”
diferente da “paz armada” ocorreu por meio dos “14 pontos” elaborados
pelo então presidente dos Estados Unidos da América, Woodrow Wilson. O
primeiro desses pontos, por exemplo, insistia no estabelecimento de
acordos de paz públicos, com claras cláusulas diplomáticas; o terceiro
insistia na abolição das fronteiras econômicas para que a
interdependência comercial evitasse as hostilidades. Apesar de
apreciada, a proposta de Wilson não foi inteiramente aceita. As outras
potências vencedoras da guerra, França e Inglaterra, nas pessoas dos
líderes Georges Clemenceau e Lloyd George, discordaram em muitos pontos.
Principais resoluções de Versalhes
Tanto Clemenceau quanto George exigiam a punição formal da Alemanha
pelas causas da guerra e suas consequências devastadoras – apesar de
Clemenceau, em virtude da rivalidade acirrada entre França e Alemanha,
ter sido mais radical que o líder inglês. Wilson procurava ponderar os
ânimos dos europeus, como pode ser visto na citação abaixo, extraída do
livro O Tratado de Versalhes, do historiador Jean-Jacques Becker.
Os negociadores se indagavam sobre as responsabilidades pessoais de
Guilhermes II e sobre a sanção que lhe seria infligida. Assim, em 1º de
abril de 1919, Lloyd George declarava: “Gostaria de ver o homem
responsável pelo maior crime da História ser castigado”, e Wilson
retrucou: “Ele suscita o desprezo universal: não é o pior castigo para
um homem como ele”?; em compensação, sobre as responsabilidades da
Alemanha, não havia divergência. E tampouco quanto ao julgamento ser
aplicado. [1]
Antes mesmo das negociações de Versalhes, os
representantes alemães, de sua parte, mostravam-se inflexíveis quanto às
propostas de cessar-fogo. O conde von Brockdorff-Rantzau, responsável
pelas relações exteriores, provocava a ira de todos, inclusive de
Wilson. Conta Jean-Jacques Becker que:
Em um discurso pronunciado
em Nova York no dia 17 de setembro de 1918, Wilson dizia, sobre as
Potências Centrais: “Elas nos convenceram que não possuíam honra... Elas
não cumprem seus acordos, não reconhecem nenhum princípio, senão a
força e seu interesse próprio”. A atitude dos alemães suscitava violenta
repugnância. Para dar um exemplo, quando, em 7 de maio de 1919, o
ministro alemão das Relações Exteriores, o conde von Brockdorff-Rantzau,
recusou-se a levantar para responder ao discurso de Clemenceau, sua
insolência provocou a indignação de todos os representantes aliados.
Diante da impertinência de Brockdorff, o presidente norte-americano
ficou “roxo de raiva”. [2]
Isso contribuiu para que as cláusulas
contra a Alemanha se tornassem implacáveis. Um dos territórios mais
importantes do ponto de vista estratégico, a Alsácia-Lorena, foi tomado
pela França (vale dizer que esse território já pertencia aos franceses
antes da Guerra Franco-Prussiana de 1870). A Alemanha foi proibida de
rearmar suas fronteiras e obrigada a limitar o seu exército a um número
suficiente apenas para proteção interna.
Além disso, os artigos
231 e 232 do tratado deixaram claro como as potências vencedoras queriam
que a Alemanha fosse vista: como a responsável por tudo. No texto do
artigo 231, podemos ler: Os governos aliados e associados declaram, e a
Alemanha reconhece, que Alemanha e seus aliados são responsáveis, por
tê-los causado, de todos os danos e perdas sofridos pelos governos
aliados e seus aliados e seus súditos, por consequência da guerra que
lhes foi imposta pela agressão da Alemanha e seus aliados. O artigo 232
sentencia a Alemanha e seus aliados à reparação dos danos provocados, o
que implicou pesadas sanções econômicas que marcariam a trajetória da
República de Weimar – governo que vigorou na Alemanha a partir de 1919.
NOTAS
[1] BECKER, Jean-Jacques. O Tratado de Versalhes. Trad. Constancia Egrejas. São Paulo: EdUNESP, 2011. p. 57.
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