Em 1934, a estudante de música Ilse Sonja Totzke chamou a atenção dos
moradores da pequena Wurtzburgo, na Alemanha. Volta e meia, era vista
conversando com judeus. Graças a denúncias anônimas, em 1936, sua caixa
de correio passou a ser vigiada pela Gestapo. Três anos depois, o médico
Ludwig Kneisel foi ao quartel-general da polícia secreta do regime
nazista para delatar o "comportamento suspeito" da vizinha.
Em
1940, foi a vez da jovem Gertrude Weiss. Ela informou aos agentes que a
estudante nunca respondia à saudação "Heil Hitler!". Questionada no ano
seguinte, Totzke confirmou que tinha amigas, mas não amigos judeus.
Corria o risco de ser acusada de ter relações sexuais com eles - um
grave delito de "desonra racial". Em vários interrogatórios, a Gestapo
advertiu que a mandaria a um campo de concentração se mantivesse as
amizades. Mas ela deu de ombros: declarou que não apoiava o
antissemitismo do Reich. Em 1943, sob ameaça crescente, fugiu com a
judia Ruth Basinsky para Estrasburgo (atual França), sua cidade natal.
As duas cruzaram a fronteira com a Suíça, mas foram detidas na aduana e
entregues à Gestapo. Totzke foi enviada ao campo de concentração de
Ravensbruck - e nunca mais voltou.
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