GOVERNO
DO ESTADO DA PARAÍBA
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO
ESCOLA
ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO INOVADOR SENADOR JOSÉ GAUDÊNCIO.
PROJETO
PEDAGÓGICO[1]
Professor
Orientador: Juarez Ribeiro[2]
Serra
Branca
Outubro
de 2014.
RACISMO?
TÔ FORA! SOMOS TODOS IGUAIS.
"A força da cultura negra, que atravessou
o século, é o fio condutor da energia revolucionária que libertará este país do
racismo e da exploração”. AMAURI MENDES PEREIRA –(Marcha doMovimentoNegro contra a farsa
do abolicionismo – 88).
O
trabalho aqui apresentado busca mitigar e combater de forma continua o racismo
na Escola Senador José Gaudêncio, transformando os educandos e educadores em agentes
multiplicadores da percepção que nós seres humanos somos todos iguais,
independente da cor de nossa pele.
O
mesmo contempla ações a serem desenvolvidas ao longo das quatro unidades do ano
letivo de 2014através do componente curricular de história e do macrocampo
Produção e Fruição das Artes. O mesmo objetivou o estudo e pesquisas
relacionadas à cultura africana e afro-brasileira, fazendo pesquisas diversas,
releituras de obras de artistas famosos e debates sobre o contexto histórico da
obra juntamente com o conteúdo das aulas e do livro didático para apresentar o
resultado das pesquisas em forma de mural, pinturas ou atividades lúdicas que
melhor se apliquem ao contexto.
O projeto surge das ações iniciadas no ano de 2013 e parte da
confirmada existência de racismo não apenas na escola, mas em nossa sociedade,
sendo este um processo continuo de investigar de como se dá a sua produção e
reprodução no cotidiano escolar, através de observaçõessistemáticas, debates,
diálogos e exposições das causas do racismo em nosso país e no mundo.
Buscaremos abordando o racismo numa perspectiva micros social e
micropolítica, percorre ocotidiano escolar, destacando práticas e discussões
que veiculam o racismo, percebendo,contudo, que a maior parte das pessoas do
universo escolar não são vistas, nem se vêemcomo racistas.
Justificativa
Segundo
Santos(xxx) o racismo é, pois, a suposição de que há
raças e, em seguida, a caracterização biogenética de fenômenos puramente
sociais e culturais. É também
uma modalidade de dominação ou, antes, uma maneira de justificar adominação de
umgrupo sobre outro, inspirada nas diferenças fenotípicas da nossa espécie, ignorânciae
interesses combinados. Neste sentido, trazer a
discussão do tema “Preconceito Racial” e a percepção que somos todos iguais,
independente de nossa cor da pele para o espaço escolar é de extrema
importância para que os estudantes reflitam sobre a origem do preconceito na
formação da sociedade brasileira. Abordar a temática nos debates de sala de aula
e no ambiente escolar é vital para que os discentes entendam que o preconceito
vem desde o período colonial.
O
racismo é um dos principais fatores estruturantes das injustiças sociais que
acometem a sociedade brasileira e, consequentemente, é a chave para entender as
desigualdades sociais que ainda envergonham o país. Metade da população
brasileira é negra e a maior parte dela é pobre. As inaceitáveis distâncias que
ainda separam negros de brancos, em pleno século XXI, se expressam nomicrocosmo
das relações interpessoais diárias e se refletem nos acessos desiguais a bens e
serviços, aomercado de trabalho, ao ensino superior bem como ao gozo de
direitos civis, sociais e econômicos. Há também outras causas das persistentes
desigualdades raciais, como o passado de exclusão e invisibilidade da população
negra, sua condição de pobreza e, sobretudo, a negação de seus direitos após a
abolição da escravidão no Brasil, em 1888.
O
mito da democracia racial, ainda presente no imaginário da população brasileira[3],
foi um avanço sociológico na época de sua criação, nos anos de 1930, quando se
consolidava um “racismo científico” e com características eugênicas. Contudo,
ao mesmo tempo em que incorpora a presença dacontribuição negra na formação
nacional, naturaliza os espaços subordinados que negros e negrasocupam na
sociedade e invisibiliza as relações de poder entre as populações negra e
branca. O resultado é uma sociedade em que o racismo e as desigualdades sociais
dele resultante não serevelam, não se debatem, parecem não existir. O problema,
dizem, não é o racismo, é a pobreza; as desigualdades não são raciais, são
sociais.
Essa
invisibilidade começa a mudar, com o processo de (re) significação de ser
negro, que tenta venceros diversos estereótipos negativos associados à
negritude e reproduzidos nas relações sociais e nosmeios de comunicação de
massa. A valorização da negritude tem como conseqüência oquestionamento dos
lugares sociais de subordinação em que a população negra está inserida: no mercado
de trabalho, no território, nas representações simbólicas da sociedade
brasileira, dentre outros espaços. Isso vem gerando uma mudança na auto-estima
da população negra e uma maiorconsciência das desigualdades raciais alimentadas
pelo racismo.
No
presento projeto, buscaremos despertar nos educandos a necessidade de que os mesmos
entendam que mesmo com abolição da escravidão, a massa negra continuou a mercê
da sociedade, ou seja, acreditava-se que seriam incorporados como mão de obra
livre para atuar no setor industrial. Mas não foi bem assim, pois continuaram
sendo excluídos de toda benfeitoria e a única alternativa encontrada foi se
dirigir para as periferias onde foram exercer trabalhos autônomos.
Com a Lei 10.639/03 também foi instituído o
dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro), em homenagem ao dia da
morte do líder quilombola negro Zumbi dos Palmares. O dia da consciência negra
é marcado pela luta contra o preconceito racial no Brasil. Sendo assim, como
trabalhar com essa temática em sala de aula? Os livros didáticos já estão quase
todos adaptados com o conteúdo da Lei 10.639/03, mas, como as ferramentas que
os professores podem utilizar em sala de aula são múltiplas, podemos recorrer
às iconografias (imagens), como pinturas, fotografias e produções
cinematográficas, estudo de literaturas dentre outros conteúdos.
Para tanto o projeto “Racismo? Tô fora!,
somos todos iguais”, trabalha com debates, leituras de imagens e musicas,
desenvolvendo atividades lúdicas sobre a temáticas. Esperamos com o presente
projeto descontruir a imagem estereotipada da separação das raças, envolvendo
os alunos do 2ª série do ensino médio, turma A e da 3ª série turma B neste tão
importante debate.
PROBLEMATIZAÇÃO:
Partindo
do principio de que a sociedade estabelece os meios de categorizar as pessoas e
o total de atributos considerados como comuns e naturais para os membros de
cada uma dessas categorias(GOFFMAN, 2008 p.11). Há um estranho a nossa frente
podem de fato surgir demonstrações de este indivíduo é caracterizado por
atributo que o torna diferente de outros “que se encontram numa categoria em
que pudesse ser incluído, sendo, até, de uma espécie menos desejável num caso
extremo, uma pessoa completamente má, perigosa ou fraca” (GOFFMAN, 2008 p.12).
Dessa forma, a sociedade deixa de considerar pessoa comum e completa
restringindo numa pessoa diminuída deteriorada. Tal característica é um
estigma, onde o autor destaca que essa desvantagem em relações ao outro
“constitui uma discrepância específica entre a identidade virtual e a
identidade social real”. (GOFFMAN, 2008 p. 12).
Assim
sendo, faz-se necessário que os estudantes entendam que mesmo com abolição da
escravidão, a massa negra continuou a mercê da sociedade, ou seja,
acreditava-se que seriam incorporados como mão de obra livre para atuar no
setor industrial, sendo excluídos, marginalizados, oprimidos por uma questão
banal que a percepção de que existe uma raça superior a outra.
OBJETIVOS:
Geral
·
Valorizar a diversidade étnico-racial e
combater o racismo sobre os negros no espaço escolar e na sociedade de forma
geral. Conscientizando a comunidade escolar sobre a importância do debate para
o respeito ao próximo, e a valorização do outro, em especial dentro da temática
de Direitos Humanos, a fim de que, efetivamente, a escola passe a trabalhar a
diversidade, as diferenças, e dar as mesmas condições e oportunidades para
todos.
Específicos
·
Refletir, com toda a comunidade escolar, sobre
as suas ações diárias em relação à questão racial;
·
Identificar situações constrangedoras e/ou
bullyng, assim como agressões ou outros tipos de violência;
·
Valorizar as atitudes relacionadas com o bem
estar individual e coletivo;
·
Discutir as formas de combate ao racismo e a
questão crime;
·
Estimular a prática correta adquirindo métodos
preventivos do racismo na sociedade;
·
Buscar, com os alunos, importantes métodos em
busca de soluções para o problema ao buscar uma ação reparadora e repressora,
como denúncias e encaminhamentos.
·
Debater sobre a problemática e desconstruir os
discursos racistas arraigados em nossa cultura;
·
Transformar educandos e educadores em
multiplicadores da política de combate aos racismo de cor.
CONTEÚDOS:
·
Trafico negreiro;
·
Colonização do Brasil;
·
Libertação dos escravos;
·
Racismo;
·
Preconceito de cor;
·
Políticas públicas afirmativas contra o racismo;
·
Racismo no Brasil;
·
Onde você esconde seu preconceito?
·
Racismo na escola.
METODOLOGIA:
·
Apresentação da temática aos educandos da
primeira série do ensino médio através de aula expositiva com uso de data show,
charges e dinâmicas;
·
Exibir vídeos e musicas que retratem sobre as
questões relacionadas ao preconceito racial;
·
Confecção de mural de combate ao preconceitos
negro;
·
Sessão para exibição dos filmes;
·
Leitura de imagens;
·
Leituras de Textos;
·
Aulas dialogadas;
·
Debates.
ATIVIDADES A
SEREM DESENVOLVIDAS JUNTO AOS ALUNOS
·
Apresentação do tema com slides;
·
Roda de discussão para compartilhar sobre o que
os alunos entendem por questão racial e quanto se sentem incomodados com a
violação dos direitos humanos;
·
Trabalho com letra e músicas;
·
Trabalho com textos;
·
Trabalho
com leituras de obras de artes de artistas nacionais e internacionais;
·
Acrescentar
a data comemorativa ao Dia da Consciência Negra (20 de novembro);
·
Trabalhar
com professores de outras áreas , incentivando os mesmos a desenvolver diversas
atividades que promovam a discussão e integração das etnias que formam a
população brasileira;
·
Acrescentar
eventos como a Feijoada de Zumbi e o Festival de Beleza Negra;
·
Trabalhar capoeira e motivar outras formas de
cultura;
·
Produção de textos utilizando o programa Word;
·
Relatório oral e através de desenhos sobre o tema
trabalhado;
·
Apresentar opções de vídeos sobre o assunto;
·
Atividades de escrita em Power Point;
·
Confeccionar mural e cartazes com figuras
extraídas da internet e desenhos dos alunos.
RECURSOS NECESSÁRIOS
·
Biblioteca;
·
Sala de Informática;
·
Revistas e jornais;
·
Data show;
·
DVD;
·
TV;
·
Cartolina;
·
Livro referente ao tema;
·
Slides;
·
Aparelho de som;
·
Panfletos;
·
Anúncios.
FORMAS DE SOCIALIZAÇÃO DO PROJETO:
O
projeto terá suas atividades iniciadas no primeiro bimestre escolar, culminando
com o tema trabalhado em sala de aula, e terá a conclusão das atividades
desenvolvidas em cada turma no dia “II, seminário integrador” por ser este um
dia que poderemos mobilizar toda a comunidade escolar para exposição da
problemática.
AVALIAÇÃO
Será
feita através de conversa, diálogo, participação dos alunos nas atividades
propostas e nas mudanças de hábitos discriminatórios. No geral,
pode-se avaliar que a Lei nº 10.639/2003 - por estabelecer a
obrigatoriedade do ensino sobre a História e Cultura Afro-Brasileira nas
escolas públicas e particulares, de nível Fundamental e Médio – vem ampliar a
percepção sobre a necessidade de engajar a comunidade com a escola ao dar
espaço para estudo das culturas.
CRONOGRAMA E PROCEDIMENTO:
META/
ETAPA
|
ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS
|
MATÉRIAL E EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS
|
PRODUÇÃO
|
PARCEIRIA/ INTERDISCIPLINARIDADE
|
FORMA DE AVALIAÇÃO
|
|
1
|
aula expositiva
|
livro didático, data show,
gibis, charges, sites, caixa de som, not-book, navegação na internet
|
pesquisas, atividades em sala
de aula e extra classe.
|
X
|
percepção da participação dos
educandos.
|
|
2
|
aulas práticas
|
livro didático, data show,
gibis, charges, sites, caixa de som, not book, navegação na internet
|
apresentação de pesquisas
realizadas pelos alunos, construção das metas e estratégias para combater a
violação dos direitos humanos
|
X
|
percepção da participação dos
educandos.
|
|
5
|
Confecção de cartazes, folders,
gibis e etc., para afixação no ambiente escolar
|
Papel oficio, tesouras
revistas, cola, cartolina, tinta, figuras, pesquisas em redes sociais, lápis
coloridos e etc.
|
Confecção de cartases.
|
X
|
fotografias
|
|
CRONOGRAMA DE EXECUSSÃO
AÇÃO
|
MAR
|
ABR
|
MAI
|
JUN
|
JUL
|
AGO
|
SET
|
OUT
|
NOV
|
1
|
X
|
X
|
|
|
|
|
|
|
|
2
|
X
|
X
|
X
|
|
|
|
|
|
|
3
|
|
|
X
|
X
|
X
|
X
|
X
|
|
|
4
|
|
X
|
X
|
X
|
X
|
X
|
X
|
X
|
|
5
|
|
X
|
X
|
X
|
X
|
X
|
X
|
X
|
|
AVALIAÇÃO
|
|
|
|
|
|
|
|
|
X
|
REFERÊNCIAS:
GOFFMAN, Erving.
Estigma Notas sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada. (tradução de
Márcia Bandeira de Melo leite Nunes) editora: LCT, Rio de Janeiro 2008.
PEREIRA .. Amauri M. Movimento negro. Rio
de Janeiro, s/d (Mimeo).
SANTOS,
Joel Rutino. O movimento negro e a crise brasileira. Rio de Janeiro: CLAA,
1987.
http://www.todospelaeducacao.org.br/comunicacao-e-midia/educacao-na-midia/26355/cota-nao-garante-aluno-de-escola-publica-em-vestibular/
[1] Projeto pedagógico desenvolvido
junto a alunos do Ensino Médio da Escola Senador José Gaudêncio no ano de 2014.
[2] Professor de História no Ensino
Médio na Escola Senador José Gaudêncio.
[3]
Ver <http://www.portaldoservidor.ba.gov.br/sites/default/files/Racismo%20-%20texto%20do%20Peck.pdf>
acesso em: 26 de julho de 2014.
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