sexta-feira, 11 de setembro de 2020

AS FITAS DA IMPERATRIZ


 

O Príncipe Dom Pedro de Alcantara lançou, na colina do Ipiranga, o famoso grito que fez do Brasil independente. Dias depois, nos salões completamente cheios do Paço de São Cristóvão, reclamava Sua Alteza que lhe trouxessem fitas verdes, pois queria que todos usassem o laço das cores representativas do Brasil livre. Vendo que ainda faltam alguns distintivos, virou-se alegremente para a Princesa Dona Leopoldina, perguntando-lhe:

– Não haverá mais fitas verdes no Paço?

Sorrindo, a esposa disse-lhe que não, mas, ainda assim dirigiu-se aos seus aposentos, para mais uma busca. Abriu e remexeu em quantas gavetas encontrou, mas nada de fitas verdes. Já desanimava, e se dispunha a voltar ao salão com as mãos vazias, quando os olhos caíram sobre sua cama, cujas fronhas ostentavam, a correr pelos ilhoses de bordado, fitas da cor procurada. Não se deteve a pensar; arrancou todas as fitas e voltou ao salão, ruborizada e feliz, para distribuir os distintivos. Em seu entusiasmo, chegou a exclamar:

– Não havia mais fitas, mas arranquei as dos travesseiros de minha cama!

Imediatamente, sentindo o silêncio que se fizera, Sua Alteza corou. Viu que ninguém se sentia digno o suficiente da honra daqueles distintivos. No meio da indecisão, o primeiro a dar um passo à frente foi Embaixador Antonio de Menezes Vasconcelos Drummond. A Princesa Dona Leopoldina lhe estendeu a mão que segurava um laço verde, e sobre aquela mão e aquele braço, o Embaixador inclinou sua cabeça de patriota e beijou os dedos da nobre dama, agradecendo-lhe a honra:

– Obrigado, Majestade!

Foi aquela a primeiríssima vez, após a Independência, que alguém lhe dava o tratamento de Majestade, reconhecendo-a como Imperatriz do Brasil.

– Baseado em trecho do livro “Revivendo o Brasil-Império”, de autoria do Senhor Leopoldo Bibiano Xavier.

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