domingo, 2 de dezembro de 2018

Dário III

O Grande Rei observava horrorizado o impensável acontecer ao seu redor. Mas, mesmo percebendo que os macedônios iriam vencer a batalha, ele se recusava a se render. Dário III ficou em sua biga de guerra, pronto para derrubar qualquer inimigo que se aproximasse. Alexandre não resistiu a um alvo tão perfeito. Se pudesse matar o Grande Rei com suas próprias mãos, não só a guerra acabaria, mas a sua glória, como a de Aquiles, seria imortal.
Quando Alexandre correu para Dário, um dos irmãos do Grande Rei conduziu seus cavaleiros, colocando-os entre os dois reis. Mas ele foi ferido: Atizies, antigo sátrapa da Frígia, morreu defendendo seu senhor, assim como Reomitres, que tinha lutado bravamente na batalha de Grânico com Sabaces, sátrapa do Egito. Com os macedônios se aproximando, pode ter sido o próprio Dário que cortou o Alexandre, ferindo-o na coxa com sua espada. Ainda assim, o Grande Rei estava agora separado de seu exército e prestes a morrer.
O que aconteceu em seguida ficou congelado no tempo, preservado em um mosaico de detalhes perfeitos encontrado sob as cinzas do Vesúvio, na cidade romana de Pompéia. Nele vemos Alexandre atacando pela esquerda, com a cabeça descoberta, mas vestindo uma placa peitoral com a cabeça de uma Górgona — para transformar seus inimigos em pedra.
Com sua lança, ele espeta um guarda persa que se colocara entre ele e Dário. O chão está cheio de mortos e moribundos de ambos os lados. Uma estéril árvore solitária está em segundo plano. Um cavalo castanho escuro sangra até a morte no centro. Um soldado persa dá seu último suspiro no chão vendo seu próprio reflexo em um escudo polido.
Uma floresta de lanças persas se levanta à medida que os homens correm para a frente para salvar seu rei, que finamente virou-se para fugir do campo de batalha em sua biga. Mas a imagem mais memorável de todas é a expressão de Dário, com os olhos focados em Alexandre, encarando-o não com medo ou raiva, mas com espanto.
Alexandre o Grande, de Philip Freeman

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