O salto de Avanhandava é uma bela e majestosa catarata. Corta
o rio segundo uma linha oblíqua, de modo que a víamos bem de frente.
Sua largura pode ser de 300 braças, a altura de 40 pés, o que, com a
inclinação do álveo, antes e depois da queda, dá os 60 pés entre o porto
superior e o inferior. À direita vêem-se as águas se precipitar entre a margem
umbrosa, uma ilhazinha coberta também de árvores e uns grandes
penedos. Formam-se, pois, duas gargantas por onde atiram-se as massas
líquidas em tal agitação e revolvimento de espumas, que densas nuvens de
vapores se erguem com neblina cerrada. As águas que caem pelo lado do
grande maciço de rocha não são tão revoltas: milhares de cascatinhas divididas
por pontas de rochedos constituem um anfiteatro de pedra riscado
por fios d’água, alva como neve.
O grande maciço não se prende à margem esquerda. De permeio
a eles fica uma ilha, e no intervalo lançam-se, espumantes e furiosas,
espadanas de água, que se desfazem em vapores.
Vista do porto inferior, onde admirávamos esta soberba cascata,
parece abaixo que o mato da margem esquerda se afasta sensivelmente,
achegando-se, por uma ilusão óptica, da margem direita até se perder num
horizonte de espuma.
Depois do salto, as águas juntas continuam a correr com fúria,
empolgadas sempre. É, contudo, nessa corredeira que os nossos homens
metem as canoas, que acabam de arrastar por terra. São também com tamanha
violência arrebatados que a resistência do ar erriça-lhes os cabelos
da cabeça. Fazem então esforços imensos para manobrarem de modo a
evitar as pontas dos fraguedos. Abaixo foto de 1920 e gravura de Hércules Florence
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