quinta-feira, 12 de outubro de 2017

12 de Outubro Dia da Criança.

O Dia das Crianças no Brasil foi criado em 1924 pelo deputado federal Galdino do Valle Filho, médico niteroiense, antes mesmo da Conferência Mundial Para o Bem-Estar da Criança (Genebra, 1925) chancelá-lo em âmbito mundial. Após votação parlamentar os congressistas aprovaram a medida, criando uma data oficial de celebração para o país. Contudo, essa só passou a ser comemorada em 1960 --um ano depois da Declaração Universal dos Direitos da Criança-- numa promoção criada pela Fábrica Estrela (brinquedos) e Johnson & Johnson (fraldas). A assim-chamada "Semana do Bebê" deu lugar a um verdadeiro boom de compras e vendas.
O historiador francês Philippe Ariès utiliza o termo 'sentiment de l'enfance' para referir-se à nova postura adotada para com as crianças, entendendo-as como sujeitos ora distintos dos adultos. Essa postura desenvolveu-se, inicialmente, com relação às crianças das classes abastadas (Séc.XVII) e, a posteriori, estendeu-se às parcelas mais amplas da população (Séc.XVIII). A consciência de uma particularidade infantil e o direito pleno a ser criança não deixa de ser uma conquista social historicamente recente, com um desenvolvimento desigual e combinado, subproduto, esta, da síntese de múltiplas determinações e relações as mais diversas. Nada tem de 'natural'.
O sentido de infância faz parte da história das relações estabelecidas entre maiores e menores. Assim como a história das relações entre os sexos não deixa de ser um indíce sintomal do processo civilizatório mais geral no sentido da superação daquilo que o velho mouro nunca se avexou em chamar "a velha merda" (ainda e quando a polidez de alguns tradutores tenha reconvertido em "a velha porcaria"). Nenhuma conquista está assegurada enquanto os até agora vencedores cessarem de vencer. Uma vida plena de sentido não foi o porto seguro em que o século vinte fez-nos desembarcar. Cabe a nós, a todos nós, mudar a direção da embarcação.
"Quanto melhor é um homem espiritualmente, de acordo com seus interesses e nível cultural, tanto mais exige de si mesmo e de seus amigos, homens ou mulheres; e na medida em que as exigências sejam mútuas, a relação será mais consistente; mais difícil de romper. Isto significa que a tarefa elementar se põe em todos as esferas de nosso trabalho socialmente necessário para o desenvolvimento da indústria, da agricultura, do bem-estar, da cultura, do conhecimento. Tudo isso não leva a relações caóticas, mas sim, ao contrário, a relações mais estáveis, e que, em última instância, não necessitariam de nenhuma regulamentação estatal." (Leon Trotsky)

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