terça-feira, 4 de julho de 2017

AS MULHERES BRASILEIRAS CONVOCADAS PARA A GUERRA !

Uma das muitas urgências na estrutura da FEB foi a criação do quadro de enfermeiras, algo inexistente na época. Durante os acertos da estruturação do contingente brasileiro, os americanos alertaram sobre a necessidade de se integrar um contingente de enfermeiras no Destacamento de Saúde, uma vez que seria difícil contar com o insuficiente número de enfermeiras nos hospitais de campanha Aliados.
Em tempo, foi criado por meio de um decreto em 15 de novembro de 1943 o Quadro de Enfermeiras da Reserva do Exército no Serviço de Saúde, assinado por Getúlio Vargas e o ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra. O número de enfermeiras profissionais no Brasil era escasso, o que gerou a aceitação de socorristas, integrantes de entidades assistenciais e qualquer mulher com alguma noção de enfermagem para compor o contingente necessário, previsto entre setenta e oitenta enfermeiras com o mínimo de qualificação para integrar a FEB.
As voluntárias que atenderam à convocação pela imprensa deveriam obedecer aos seguintes requisitos: ter alguma experiência com enfermagem, ser solteira, viúva ou separada e ter entre 18 e 36 anos. Foi o caso da estudante do primeiro ano de enfermagem Virgínia Porto carrero, vinda de uma família de tradição militar. Seu irmão, o capitão Hélio Portocarrero, serviu na FEB e foi gravemente ferido durante a tomada de Montese. O dia a dia da guerra era cruel com as enfermeiras, que se deparavam com os quadros mais graves de queimaduras, amputações, perfurações e toda sorte de ferimentos. Qual teria sido a reação de Virgínia ao ver seu irmão ferido? O fato é que ele foi encaminhado para outro hospital, e não o 16º Hospital de Evacuação, situado em Pistoia, onde a irmã trabalhou.
Das voluntárias que se apresentaram, 67 foram aprovadas no Curso de Emergência de Enfermeiras de Reserva do Exército, criado tardiamente, em janeiro de 1944. Essa passagem marcou a entrada de mulheres pela primeira vez nos quadros das Forças Armadas Brasileiras, designadas como Enfermeiras de Terceira Classe do Círculo de Oficiais Subalternos do Exército brasileiro.
Dentro da estrutura funcional, era preciso que as primeiras mulheres no Exército brasileiro ostentassem uma patente militar. Para tanto, o general Mascarenhas concedeu a elas o posto de segundo-tenente.
Um contingente denominado Destacamento Precursor chegou à Itália em julho de 1944, por via aérea, composto por cinco enfermeiras e um major médico. Posteriormente, chegariam as demais componentes, que seriam então distribuídas pelos vários hospitais ao redor do teatro de operações italiano, tanto próximos à frente de combate, onde ficava o 32nd Field Hospital-Platoon B, em Valdibura, quanto na retaguarda, onde ficavam os hospitais de evacuação, em Pistoia, Livorno e Nápoles. A atuação do Corpo de Enfermeiras foi de grande importância no amplo quadro formado pelos setores necessários para o funcionamento da FEB. Os pracinhas brasileiros feridos em combate foram, assim, bem-assistidos e bem-cuidados pelas enfermeiras brasileiras.

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