Existem duas mulheres cujo nome tem o mesmo som, mas grafias e significados diferentes.
Uma
é Xica com xis. A escrava que venceu todo o tipo de dificuldades para
se tornar uma das mais poderosas mulheres da América a seu tempo. A
devoradora de homens que, por meio de sua irresistível magia sexual e
pura força de caráter, pôs de joelhos um dos homens mais poderosos de
era da mineração. Através do que conseguiu inimagináveis privilégios –
como uma igreja só para ela, quando foi, pela sua cor, barrada da capela
local. Uma mulher imporia sua aceitação pela sociedade branca, numa
vingança, exibindo a força de uma sensualidade que as europeias não
tinham.
E há a Chica com ch. A figura histórica, não a fantasia
de carnaval. Assim como seu nome respeita a ortografia da língua
portuguesa, seria uma figura inserida nas regras da sociedade colonial
do século 18. Não uma contestadora, nem uma vítima, mas um figura de sua
época cuja história seria usada para construir um mito, parte
importante a própria identidade da nação brasileira. Mas um mito que
precisa ser revisado.
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