quinta-feira, 13 de novembro de 2014



GOVERNO DO ESTADO DA PARAÍBA
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO
ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO INOVADOR SENADOR JOSÉ GAUDÊNCIO.

PROJETO PEDAGÓGICO[1]
Professor Orientador: Juarez Ribeiro[2]



Serra Branca
Outubro de 2014.



RACISMO? TÔ FORA! SOMOS TODOS IGUAIS.

"A força da cultura negra, que atravessou o século, é o fio condutor da energia revolucionária que libertará este país do racismo e da exploração”. AMAURI MENDES PEREIRA –(Marcha doMovimentoNegro contra a farsa do abolicionismo – 88).


O trabalho aqui apresentado busca mitigar e combater de forma continua o racismo na Escola Senador José Gaudêncio, transformando os educandos e educadores em agentes multiplicadores da percepção que nós seres humanos somos todos iguais, independente da cor de nossa pele.
O mesmo contempla ações a serem desenvolvidas ao longo das quatro unidades do ano letivo de 2014através do componente curricular de história e do macrocampo Produção e Fruição das Artes. O mesmo objetivou o estudo e pesquisas relacionadas à cultura africana e afro-brasileira, fazendo pesquisas diversas, releituras de obras de artistas famosos e debates sobre o contexto histórico da obra juntamente com o conteúdo das aulas e do livro didático para apresentar o resultado das pesquisas em forma de mural, pinturas ou atividades lúdicas que melhor se apliquem ao contexto.
O projeto surge das ações iniciadas no ano de 2013 e parte da confirmada existência de racismo não apenas na escola, mas em nossa sociedade, sendo este um processo continuo de investigar de como se dá a sua produção e reprodução no cotidiano escolar, através de observaçõessistemáticas, debates, diálogos e exposições das causas do racismo em nosso país e no mundo.
Buscaremos abordando o racismo numa perspectiva micros social e micropolítica, percorre ocotidiano escolar, destacando práticas e discussões que veiculam o racismo, percebendo,contudo, que a maior parte das pessoas do universo escolar não são vistas, nem se vêemcomo racistas.




Justificativa

Segundo Santos(xxx) o racismo é, pois, a suposição de que há raças e, em seguida, a caracterização biogenética de fenômenos puramente sociais e culturais. É também uma modalidade de dominação ou, antes, uma maneira de justificar adominação de umgrupo sobre outro, inspirada nas diferenças fenotípicas da nossa espécie, ignorânciae interesses combinados. Neste sentido, trazer a discussão do tema “Preconceito Racial” e a percepção que somos todos iguais, independente de nossa cor da pele para o espaço escolar é de extrema importância para que os estudantes reflitam sobre a origem do preconceito na formação da sociedade brasileira. Abordar a temática nos debates de sala de aula e no ambiente escolar é vital para que os discentes entendam que o preconceito vem desde o período colonial.
O racismo é um dos principais fatores estruturantes das injustiças sociais que acometem a sociedade brasileira e, consequentemente, é a chave para entender as desigualdades sociais que ainda envergonham o país. Metade da população brasileira é negra e a maior parte dela é pobre. As inaceitáveis distâncias que ainda separam negros de brancos, em pleno século XXI, se expressam nomicrocosmo das relações interpessoais diárias e se refletem nos acessos desiguais a bens e serviços, aomercado de trabalho, ao ensino superior bem como ao gozo de direitos civis, sociais e econômicos. Há também outras causas das persistentes desigualdades raciais, como o passado de exclusão e invisibilidade da população negra, sua condição de pobreza e, sobretudo, a negação de seus direitos após a abolição da escravidão no Brasil, em 1888.
O mito da democracia racial, ainda presente no imaginário da população brasileira[3], foi um avanço sociológico na época de sua criação, nos anos de 1930, quando se consolidava um “racismo científico” e com características eugênicas. Contudo, ao mesmo tempo em que incorpora a presença dacontribuição negra na formação nacional, naturaliza os espaços subordinados que negros e negrasocupam na sociedade e invisibiliza as relações de poder entre as populações negra e branca. O resultado é uma sociedade em que o racismo e as desigualdades sociais dele resultante não serevelam, não se debatem, parecem não existir. O problema, dizem, não é o racismo, é a pobreza; as desigualdades não são raciais, são sociais.
Essa invisibilidade começa a mudar, com o processo de (re) significação de ser negro, que tenta venceros diversos estereótipos negativos associados à negritude e reproduzidos nas relações sociais e nosmeios de comunicação de massa. A valorização da negritude tem como conseqüência oquestionamento dos lugares sociais de subordinação em que a população negra está inserida: no mercado de trabalho, no território, nas representações simbólicas da sociedade brasileira, dentre outros espaços. Isso vem gerando uma mudança na auto-estima da população negra e uma maiorconsciência das desigualdades raciais alimentadas pelo racismo.
No presento projeto, buscaremos despertar nos educandos a necessidade de que os mesmos entendam que mesmo com abolição da escravidão, a massa negra continuou a mercê da sociedade, ou seja, acreditava-se que seriam incorporados como mão de obra livre para atuar no setor industrial. Mas não foi bem assim, pois continuaram sendo excluídos de toda benfeitoria e a única alternativa encontrada foi se dirigir para as periferias onde foram exercer trabalhos autônomos.
Com a Lei 10.639/03 também foi instituído o dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro), em homenagem ao dia da morte do líder quilombola negro Zumbi dos Palmares. O dia da consciência negra é marcado pela luta contra o preconceito racial no Brasil. Sendo assim, como trabalhar com essa temática em sala de aula? Os livros didáticos já estão quase todos adaptados com o conteúdo da Lei 10.639/03, mas, como as ferramentas que os professores podem utilizar em sala de aula são múltiplas, podemos recorrer às iconografias (imagens), como pinturas, fotografias e produções cinematográficas, estudo de literaturas dentre outros conteúdos.
Para tanto o projeto “Racismo? Tô fora!, somos todos iguais”, trabalha com debates, leituras de imagens e musicas, desenvolvendo atividades lúdicas sobre a temáticas. Esperamos com o presente projeto descontruir a imagem estereotipada da separação das raças, envolvendo os alunos do 2ª série do ensino médio, turma A e da 3ª série turma B neste tão importante debate.




PROBLEMATIZAÇÃO:
Partindo do principio de que a sociedade estabelece os meios de categorizar as pessoas e o total de atributos considerados como comuns e naturais para os membros de cada uma dessas categorias(GOFFMAN, 2008 p.11). Há um estranho a nossa frente podem de fato surgir demonstrações de este indivíduo é caracterizado por atributo que o torna diferente de outros “que se encontram numa categoria em que pudesse ser incluído, sendo, até, de uma espécie menos desejável num caso extremo, uma pessoa completamente má, perigosa ou fraca” (GOFFMAN, 2008 p.12). Dessa forma, a sociedade deixa de considerar pessoa comum e completa restringindo numa pessoa diminuída deteriorada. Tal característica é um estigma, onde o autor destaca que essa desvantagem em relações ao outro “constitui uma discrepância específica entre a identidade virtual e a identidade social real”. (GOFFMAN, 2008 p. 12).
Assim sendo, faz-se necessário que os estudantes entendam que mesmo com abolição da escravidão, a massa negra continuou a mercê da sociedade, ou seja, acreditava-se que seriam incorporados como mão de obra livre para atuar no setor industrial, sendo excluídos, marginalizados, oprimidos por uma questão banal que a percepção de que existe uma raça superior a outra.

OBJETIVOS:

Geral
·         Valorizar a diversidade étnico-racial e combater o racismo sobre os negros no espaço escolar e na sociedade de forma geral. Conscientizando a comunidade escolar sobre a importância do debate para o respeito ao próximo, e a valorização do outro, em especial dentro da temática de Direitos Humanos, a fim de que, efetivamente, a escola passe a trabalhar a diversidade, as diferenças, e dar as mesmas condições e oportunidades para todos.

Específicos
·         Refletir, com toda a comunidade escolar, sobre as suas ações diárias em relação à questão racial;

·         Identificar situações constrangedoras e/ou bullyng, assim como agressões ou outros tipos de violência;

·         Valorizar as atitudes relacionadas com o bem estar individual e coletivo;

·         Discutir as formas de combate ao racismo e a questão crime;

·         Estimular a prática correta adquirindo métodos preventivos do racismo na sociedade;

·         Buscar, com os alunos, importantes métodos em busca de soluções para o problema ao buscar uma ação reparadora e repressora, como denúncias e encaminhamentos.

·         Debater sobre a problemática e desconstruir os discursos racistas arraigados em nossa cultura;

·         Transformar educandos e educadores em multiplicadores da política de combate aos racismo de cor.


CONTEÚDOS:
·         Trafico negreiro;

·         Colonização do Brasil;

·         Libertação dos escravos;

·         Racismo;

·         Preconceito de cor;

·         Políticas públicas afirmativas contra o racismo;

·         Racismo no Brasil;

·         Onde você esconde seu preconceito?

·         Racismo na escola.



METODOLOGIA:

·         Apresentação da temática aos educandos da primeira série do ensino médio através de aula expositiva com uso de data show, charges e dinâmicas;

·         Exibir vídeos e musicas que retratem sobre as questões relacionadas ao preconceito racial;

·         Confecção de mural de combate ao preconceitos negro;

·         Sessão para exibição dos filmes;

·         Leitura de imagens;

·         Leituras de Textos;

·         Aulas dialogadas;

·         Debates.


ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS JUNTO AOS ALUNOS
·         Apresentação do tema com slides;

·         Roda de discussão para compartilhar sobre o que os alunos entendem por questão racial e quanto se sentem incomodados com a violação dos direitos humanos;

·         Trabalho com letra e músicas;

·         Trabalho com textos;

·         Trabalho com leituras de obras de artes de artistas nacionais e internacionais;

·         Acrescentar a data comemorativa ao Dia da Consciência Negra (20 de novembro);

·         Trabalhar com professores de outras áreas , incentivando os mesmos a desenvolver diversas atividades que promovam a discussão e integração das etnias que formam a população brasileira;

·         Acrescentar eventos como a Feijoada de Zumbi e o Festival de Beleza Negra;

·         Trabalhar capoeira e motivar outras formas de cultura;

·         Produção de textos utilizando o programa Word;

·         Relatório oral e através de desenhos sobre o tema trabalhado;

·         Apresentar opções de vídeos sobre o assunto;

·         Atividades de escrita em Power Point;

·         Confeccionar mural e cartazes com figuras extraídas da internet e desenhos dos alunos.



RECURSOS NECESSÁRIOS
·         Biblioteca;
·         Sala de Informática;
·         Revistas e jornais;
·         Data show;
·         DVD;
·         TV;
·         Cartolina;
·         Livro referente ao tema;
·         Slides;
·         Aparelho de som;
·         Panfletos;
·         Anúncios.




FORMAS DE SOCIALIZAÇÃO DO PROJETO:
O projeto terá suas atividades iniciadas no primeiro bimestre escolar, culminando com o tema trabalhado em sala de aula, e terá a conclusão das atividades desenvolvidas em cada turma no dia “II, seminário integrador” por ser este um dia que poderemos mobilizar toda a comunidade escolar para exposição da problemática.

AVALIAÇÃO
Será feita através de conversa, diálogo, participação dos alunos nas atividades propostas e nas mudanças de hábitos discriminatórios. No geral, pode-se avaliar que a Lei nº 10.639/2003 - por estabelecer a obrigatoriedade do ensino sobre a História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas públicas e particulares, de nível Fundamental e Médio – vem ampliar a percepção sobre a necessidade de engajar a comunidade com a escola ao dar espaço para estudo das culturas. 


CRONOGRAMA E PROCEDIMENTO:
META/
ETAPA

ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS
MATÉRIAL E EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS
PRODUÇÃO
PARCEIRIA/ INTERDISCIPLINARIDADE
FORMA DE AVALIAÇÃO
1
aula expositiva
livro didático, data show, gibis, charges, sites, caixa de som, not-book, navegação na internet
pesquisas, atividades em sala de aula e extra classe.
X
percepção da participação dos educandos.
2
aulas práticas
livro didático, data show, gibis, charges, sites, caixa de som, not book, navegação na internet
apresentação de pesquisas realizadas pelos alunos, construção das metas e estratégias para combater a violação dos direitos humanos
X
percepção da participação dos educandos.
5
Confecção de cartazes, folders, gibis e etc., para afixação no ambiente escolar
Papel oficio, tesouras revistas, cola, cartolina, tinta, figuras, pesquisas em redes sociais, lápis coloridos e etc.
Confecção de cartases.
X
fotografias









CRONOGRAMA DE EXECUSSÃO
AÇÃO
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
1
X
X







2
X
X
X






3


X
X
X
X
X


4

X
X
X
X
X
X
X

5

X
X
X
X
X
X
X

AVALIAÇÃO








X


REFERÊNCIAS:

GOFFMAN, Erving. Estigma Notas sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada. (tradução de Márcia Bandeira de Melo leite Nunes) editora: LCT, Rio de Janeiro 2008.

PEREIRA .. Amauri M. Movimento negro. Rio de Janeiro, s/d (Mimeo).

SANTOS, Joel Rutino. O movimento negro e a crise brasileira. Rio de Janeiro: CLAA,
1987.
http://www.todospelaeducacao.org.br/comunicacao-e-midia/educacao-na-midia/26355/cota-nao-garante-aluno-de-escola-publica-em-vestibular/






[1] Projeto pedagógico desenvolvido junto a alunos do Ensino Médio da Escola Senador José Gaudêncio no ano de 2014.
[2] Professor de História no Ensino Médio na Escola Senador José Gaudêncio.

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