domingo, 12 de abril de 2020

nquisição protestante no Brasil, O massacre holandês há 375 anos.

Em 1645, um grupo de calvinistas holandeses instigaram os índios a atacar os católicos. O primeiro grupo, contando cerca de 70 pessoas, foi trucidado na capela da Vila de Cunhaú-RN. O segundo grupo, também de cerca de 70 pessoas, foi martirizado em Uruaçu-RN. Sendo conquistado o arraial pelas forças holandesas, um minitro calvinista, que acompanhava as tropas suplicou aos habitantes reunidos que abjurassem a fé católica, mas não obteve êxito. O livro "Beato Mateus Moreira e seus companheiros mártires", escrito pelo Monsenhor Francisco de Assis Pereira a partir de pesquisas históricas, afirma que os holandeses contaram com a ajuda de indígenas para invadir uma capela da região, fechar as portas e matar quem estivesse dentro, em uma manhã de domingo. Quase três meses depois desse episódio, em 3 de outubro, outras 80 pessoas também viraram alvos em outro cenário: às margens do rio Uruaçú, foram despidas e assassinadas por não terem se convertido ao protestantismo. Os holandeses aportaram na região em 1630. Eles chegaram nesse período a Pernambuco e assumiram o comando político e militar da área - estendendo o domínio posteriormente a outras capitanias, inclusive à do Rio Grande, como era chamado o Rio Grande do Norte.Os colonizadores teriam perseguido e assassinado adeptos da religião católica que não aceitaram virar calvinistas. Na mesma época em que, por meio da Inquisição, a Igreja Católica ainda perseguia, julgava e punia acusados de heresia. Nem crianças foram poupadas do ataque. Uma delas, com dois meses de vida, foi uma das vítimas, junto com uma irmã e o pai. Começou então a tortura: a uns cortaram a língua; a outros, rasgaram as carnes das costas; a outros ainda arrancaram os olhos ou deceparam os braços; após a matança, os cadáveres foram esquartejados. Um ponto normalmente omitido é que os Protestantes também empreenderam uma Inquisição totalmente submissa ao Poder Político da época. Os historiadores geralmente se referem apenas à inquisição católica e se silenciam hipocritamente sobre os eventos ocorridos nos territórios protestantes. Os primeiros protestantes não eram distingüidos por serem os “campeões da liberdade de opinião” como querem nos fazer crer. Eles, que clamavam pela liberdade religiosa nos países católicos, em seus territórios suspendiam rapidamente a celebração da Missa e obrigavam os cidadãos, por lei, a assistir obrigatoriamente os cultos reformados; também destruíam os templos católicos e as imagens [sagradas], além de assassinarem bispos, sacerdotes e religiosos; foram muito mais radicais em seus territórios do que ocorreu nos territórios católicos.
Imagem: Massacre em Cunhaú, RN. Padre Eladio
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