`A criminalidade atingiu índices altíssimos nos treze anos da
permanência de D. João no RJ. Roubos e assassinatos aconteciam a todo
momento. No porto, navios eram alvos de pirataria. Gangues de
arruaceiros percorriam as ruas atacando as pessoas a golpes de faca e
estilete. Oficialmente proibidos, a prostituição e o jogo eram
praticados à luz do dia. “Nesta cidade e seus subúrbios, temos sido
muito insultados pelos ladrões”, relata o arquivista real Luiz Joaquim dos Santos Marrocos numa das cartas ao pai, que ficara em Lisboa
A maioria da população andava armada. O cônsul inglês James Henderson
surpreendeu-se com o número de pessoas que portavam facas escondidas nas
mangas de seus capotes, “as quais tiram e usam com grande destreza”.
Pouca gente saía desacompanhada à rua depois do anoitecer, pedradas eram
um tipo de agressão muito comum. Grande número de escravos era preso
por desferir pedradas em pessoas que simplesmente passavam pela rua. A
mulher do embaixador americano Thomas Sumpter foi atingida por uma delas
no olho enquanto estava dentro de sua carruagem. Encarregado de botar
ordem na casa, o chefe de polícia Paulo Fernandes Viana baixou o porrete
nos arruaceiros, impôs toque de recolher, promoveu obras de melhorias
urbanas. De nada adiantou. A violência no RJ continuou tão elevada
quanto sempre tinha sido e seria.`` Laurentino Gomes
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